DE BRASÍLIA
Depois de três reuniões com presidentes de partidos e aliados da Câmara e do Senado, Dilma conseguiu o apoio da maioria de sua base para sua ideia de plebiscito, mas foi avisada de que a proposta de fazer poucas perguntas pode não vingar e que nem todas as regras podem valer para a eleição de 2014.
Ela se reuniu com políticos da 11h às 22h. "A situação é grave, se não fosse grave não estaríamos aqui", afirmou Gilberto Kassab (PSD).
O governo decidiu encaminhar sua mensagem ao Congresso na terça, listando pontos --não perguntas-- que deseja incluir no plebiscito. Entre eles, financiamento de campanha (público, privado ou misto) e sistema de votação --voto proporcional, distrital, distrital misto e se em lista aberta ou fechada.
Os pontos coincidem com aqueles que o PT defende. O partido quer financiamento público e voto em lista fechada, no qual os eleitores votam em uma relação de candidatos elaborada pelas legendas.
A inclusão do fim da reeleição é apoiada por congressistas aliados. O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque, quer discutir ainda a unificação das eleições e mandatos de cinco anos, que valeriam a partir de 2018.
O governo é contra. E, como ameaça, insinua que se a população derrubar a reeleição, o candidato do PT será o ex-presidente Lula.
Nas reuniões de ontem, Dilma disse que algumas regras têm de valer em 2014. Segundo ela, a população tem expectativa de que algo "já mude na política" rapidamente.
Dilma recusou ainda sugestão de aliados de trocar o plebiscito por um referendo.
"Isso pode ser o pior dos mundos", retrucou a presidente, dizendo que a população poderia "rechaçar" uma reforma política aprovada pelo Congresso. "Ficaríamos sem mudanças, não é o que deseja a voz das ruas."
O ministro Alozio Mercadante (Educação) defendeu que o ideal é um plebiscito com poucas perguntas. "Nós vamos tratar daquilo que é essencial, das balizas. É isso que se espera do plebiscito."
Ao final da primeira reunião, com presidentes de partidos, o governador Eduardo Campos (PSB-PE), que pode disputar a eleição presidencial contra Dilma, alertou que nem todas as regras devem valer no ano que vem.
Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) disse que essa pode ser uma das perguntas do plebiscito, que poderá questionar a população se as regras poderiam valer para o próximo ano mesmo que sejam aprovadas fora do prazo legal --um ano antes da eleição de 2014. (VALDO CRUZ, TAI NALON, BRENO COSTA, GABRIELA GUERREIRO E MÁRCIO FALCÃO)
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