quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Saúde do Idoso

De repente a sociedade brasileira despertou para algo que não estava preparada para perceber: o Brasil é um país que está envelhecendo. Sempre tivemos o conceito de que éramos um país jovem e que o problema do envelhecimento é assunto dos países europeus, norte-americanos e Japão. No entanto, passamos a perceber um número cada vez maior de idosos nas ruas, tanto em cidades do interior como nas grandes cidades brasileiras. A imprensa começou a mostrar números que demonstram este envelhecimento e alertar para os problemas decorrentes dele.



O envelhecimento populacional brasileiro resultou da queda de nascimentos que vem ocorrendo no país desde os anos 60, com a descoberta de vários métodos anticoncepcionais, principalmente a pílula, que se somou a queda progressiva nas taxas de mortalidade que vêm se manifestando desde o final da segunda guerra mundial, nos anos 40. O mais importante em nosso envelhecimento populacional é a velocidade com que o mesmo está ocorrendo.



A maior preocupação de uma pessoa que pensa no seu envelhecimento é chegar à terceira idade sem ter uma doença que limite seu dia-a-dia e o torne dependente de outras pessoas. Estudos realizados com pessoas idosas têm demonstrado que a maioria considera a saúde como o valor mais fundamental, reforçando o dito popular “o importante é estar com saúde”.



Envelhecer sem nenhuma doença crônica é mais a exceção do que a regra. Estudos brasileiros têm demonstrado que, entre os idosos, a grande maioria (mais de 85%) apresenta pelo menos uma enfermidade crônica e, cerca de 15%, pelo menos 5. No entanto, ao serem perguntados sobre a sua saúde, a metade considerou regular, 36% boa ou ótima e somente 13% má ou péssima.



Embora pareça, não estamos diante de uma contradição. Por exemplo, a pessoa que tem pressão alta e trata adequadamente o problema poderá levar uma vida normal como qualquer outra. Essa mesma pessoa somente irá considerar a sua saúde ruim ou péssima se sofrer algum tipo de complicação, conseqüente da falta de cuidados, como um “derrame cerebral” ou um infarto miocárdio que, aí sim, podem causar limitações, que impeçam ou dificultem a realização de coisas que antes ela fazia no dia-a-dia, necessitando assim do auxílio de outras pessoas.



A nossa capacidade de realizar as tarefas do cotidiano sem o auxílio de outros, denominamos de capacidade funcional. Estas necessidades diárias são de dois tipos: atividades básicas da vida diária (levantar-se da cama ou de uma cadeira, andar, usar o banheiro, vestir-se, alimentar-se) e atividades instrumentais da vida diária (andar perto de casa, cuidar do seu dinheiro, sair e tomar uma condução, fazer compras). Os estudos realizados no Brasil também mostram que quase a metade dos idosos precisa de alguma ajuda para a realização de pelo menos uma das atividades necessárias à sua da vida diária e uma minoria significativa (7%) mostrou ser altamente dependente.



Do ponto de vista de saúde pública, a capacidade funcional surge como um conceito de saúde mais adequado para instrumentar e operacionalizar uma política de atenção à saúde do idoso. Ações preventivas, assistenciais e de reabilitação em saúde, devem objetivar e melhorar a capacidade funcional do idoso, ou no mínimo mantê-la e, sempre que possível, recuperá-la. Um enfoque que transcende o simples diagnóstico e tratamento de doenças específicas.





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