terça-feira, 28 de julho de 2015

Radar vai vigiar desmatamento na Amazônia

Em Brasília
  • Fábio Nascimento/Greenpeace
    9.jun.2015 - Uma investigação do Greenpeace flagrou toras estocadas e empilhadas na terra indígena Cachoeira Seca, no Pará, onde a extração de madeira é ilegal. Licenças oficiais obtidas através de inventários florestais fraudados, isto é, que indicam uma presença maior de árvores como o ipê na região, permitem a legalização e a comercialização destas madeiras. A imagem foi feita em 30 de março de 2015 9.jun.2015 - Uma investigação do Greenpeace flagrou toras estocadas e empilhadas na terra indígena Cachoeira Seca, no Pará, onde a extração de madeira é ilegal. Licenças oficiais obtidas através de inventários florestais fraudados, isto é, que indicam uma presença maior de árvores como o ipê na região, permitem a legalização e a comercialização destas madeiras. A imagem foi feita em 30 de março de 2015
A partir de outubro, o país vai ganhar um novo "olho", muito mais potente do que o existente hoje, para vigiar o desmatamento da Amazônia. O governo vai contratar um radar orbital que produzirá, diariamente, imagens da região. Os dados poderão servir também para o combate a outros atos ilícitos, como o garimpo ilegal, o tráfico e a ação de grileiros.
A vigilância será mais intensa porque o radar conseguirá "ver" através das nuvens, o que não é possível atualmente. O sistema que funciona no Brasil usa imagens ópticas tomadas por radares.
Mas, quando o tempo está encoberto - o que, no caso da Amazônia, ocorre em sete meses por ano -, o trabalho fica prejudicado. Há aviões equipados também com radares. Mas a atuação deles é limitada pelo tamanho da área a ser monitorada e também pelo custo elevado da operação.
Não por acaso, a quantidade de alertas sobre desmatamento ilegal cai drasticamente no período nublado. Além disso, o crime organizado se aproveita dessa deficiência para desmatar no período em que os radares não podem denunciar sua ação.
O radar orbital permitirá que a vigilância seja feita com maior frequência e atinja uma área mais de três vezes maior do que a atual. Em vez de 280 mil km² vistoriados a cada 15 dias, serão 950 mil km² monitorados diariamente. Os dados, depois de interpretados e auditados, serão entregues ao governo brasileiro com uma defasagem de três dias após a coleta.
Com esse alcance maior, o radar não vigiará só a Amazônia, mas poderá monitorar todo o território nacional, incluindo as áreas marítimas. Ou seja, o sistema poderá gerar informações para diversas ações de inteligência do governo.
A precisão também será muito maior. O radar orbital permitirá detectar pontos de desmatamento seletivo, no qual os madeireiros se concentram na retirada de espécies específicas, como o mogno, por exemplo.
Para implementar esse novo sistema, batizado de Amazônia SAR (sigla em inglês para Radar de Abertura Sintética), serão investidos R$ 80,5 milhões, sendo R$ 63,9 milhões do Fundo Amazônia e R$ 16,6 milhões do Orçamento federal. O contrato será assinado amanhã.
O Centro Gestor e Operacional do Sistema de Vigilância da Amazônia (Censipam), órgão do Ministério da Defesa que atua nesse projeto em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), está finalizando o edital para a contratação do radar.
Já foram detectados diversos parceiros internacionais que poderão prestar esse serviço, informou ao Estado o diretor-geral do Censipam, Rogério Guedes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Greenpeace flagra extração ilegal de madeira em terras indígenas no Pará13 fotos

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9.jun.2015 - Serrarias do município de Uruará, no Pará, são flagradas em operação durante sobrevoo do Greenpeace. Os créditos do plano de manejo da Fazenda Agropecuária Santa Efigênia, que fraudou inventários florestais, foram comercializados com 22 serrarias, sendo que 16 estão localizadas no próprio município. A imagem foi feita em 5 de junho de 2015 Leia mais Rogério Assis/Greenpeace

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domingo, 5 de julho de 2015