BRASÍLIA - Desafeto de Ciro Gomes (PSB), o vice-presidente eleito, Michel Temer, disse acreditar que, se for mesmo confirmado no ministério de Dilma Rousseff, o deputado terá de tomar as devidas 'cautelas verbais que o cargo exigirá'.
A incontinência verbal de Ciro irritou o PMDB ao longo dos últimos meses. Sem nenhuma reserva, o deputado costuma atacar o partido. Numa entrevista, ao comentar a aliança do PMDB com o PT para a disputa presidencial, Ciro se referiu assim aos dirigentes peemedebistas:
'Quem manda no partido não tem o menor escrúpulo. Nem ético nem republicano. Nem compromisso público. Nada.' E sobre o PMDB, ele usou esta expressão para se referir ao partido: ' É um ajuntamento de assaltantes'. Temer chegou a examinar a possibilidade de processá-lo.
Como a presidente eleita convidou Ciro para seu ministério, não restou a Temer outra alternativa a não ser desejar que o deputado contenha-se nos comentários. Quanto à decisão de Dilma, o vice comentou apenas: 'É uma escolha da presidente.' E lembrou que Ciro precisa moderar seus comentários, especialmente em respeito à presidente e a seu vice.
Renúncia
Temer disse que renunciará hoje à presidência da Câmara. Mas ficará no cargo de deputado até o dia 31. Temer é também presidente do PMDB. Dará o lugar ao senador Valdir Raupp (RO).